IMAGO GARAGE

Rua do Vale de Santo António 50A, 1170-381 Lisboa

Quarta a sábado: 14:30-18:30

29/09 - 29/10/2022

Inauguração: 29 Setembro, 22:00 - 00:00

 

Dayan de Castro, “Aere Perennius” 

Gui Christ, “Fissura”

Lalo de Almeida, “Pantanal em Chamas”

Curadoria: Colectivo IANDÉ, Ioana Mello e Glaudia Nogueira

Diante do tema do festival Imago Lisboa 2022, Distúrbios, o Coletivo IANDÉ apresenta três distúrbios brasileiros, através do olhar de três jovens fotógrafos em constante produção. Dayan de Castro nos apresenta o infinito problema do projeto agrícola no cerrado brasileiro, Gui Christ se aprofunda nas rachaduras da “Cracolândia” paulista e Lalo de Almeida fotografa, para além do documento, o fogo que devastou grandes áreas do Pantanal em 2020.

 

Aparentemente estas imagens parecem profundamente desconexas. A série “Aere perennius”, de Dayan de Castro, apresenta uma paisagem extensiva, horizontes a perder de vista, o vazio de uma terra usada até o seu limite. É isso que também nos mostra Gui Christ em sua série “Fissura”: horizontes a perder de vida, rostos devastados - o retrato de uma parte da sociedade que está "depois do fim". O fotógrafo Lalo de Almeida segue o mesmo caminho quando retrata, em sua série “Pantanal em Chamas”, criaturas mortas e paisagens anuladas.

 

Sejam nas imagens pungentes dos incêndios que arrasaram o Pantanal, ou na usura do cerrado brasileiro, ou na pele e no olhar de pessoas largadas à sua própria sorte, o que vemos é o grito do Brasil feito de abandono. Os três distúrbios apresentados, localizados em três ecossistemas específicos brasileiros, falam de todos nós. O que une o trabalho desses três fotógrafos é uma responsabilidade comum diante de anomalias ecológicas, sociais e políticas. É o alerta feito em imagens, a denúncia da irresponsabilidade do Estado mas também do coletivo. E com isso nos unimos a eles. Pois é nosso comprometimento lutar por transformações capazes de sustentar modos de vida mais equilibrados, dignos e duradouros.

A curadoria é feita por Glaucia Nogueira, fundadora do IANDÉ, e Ioana Mello, curadora e colaboradora da associação. O IANDÉ é uma associação cultural internacional que apoia, valoriza e promove a presença da fotografia brasileira na Europa. Nós queremos dialogar, multiplicar os olhares, as interpretações e assim, contribuir, através da imagem, para um debate democrático sobre grandes temas da atualidade. IANDÉ, pronome inclusivo – nós – em tupi-guarani é sobre criar pontes e enriquecer os diálogos.

©Dayan de Castro. Série: aere perennius: somos eternos, 2014 - 2019.

Dayan de Castro

 

BIO

Dayan de Castro (1985) é artista visual que nasceu no interior de Minas Gerais e atualmente vive e trabalha em São Paulo, Brasil. Doutorando e mestre em Artes Visuais pela Universidade Estadual de Campinas, é também bacharel em fotografia e vem desenvolvendo projetos autorais desde 2008. Suas buscas são sempre guiadas pela filosofia, literatura e análise do contemporâneo, além da pesquisa realizada em cada projeto por um suporte que mais o adense. Assim tem trabalhado em diferentes plataformas como: vídeo, instalação, fotografias aplicadas a metais e processos históricos revelados em mármore e madeira. Os trabalhos têm sido expostos e nos últimos anos podemos ressaltar: "Sibila" 2018 exposição na Estação de Trens Metropolitanos Pinheiros em São Paulo, Brasil; "What's going on in Brazil" 2019 no Rencontre de la Photographie D'arles - França; "Exposição Compartilhada" 2021 Encontros Visuais Na Esquina do Brasil, Natal  e "Diversidade Brasileira" 2022 no Chengdu Contemporary Image Museum - China.

 

©Gui Christ

Gui Christ

 

BIO

Gui Christ é um fotógrafo que documenta as periferias sociais e culturais do Brasil em projetos autorais e como colaborador dos principais veículos de comunicação mundial como Time Magazine, The National Geographic Magazine, The Washington Post, Billboard e outros. Mesclando narrativas nascidas no fotojornalismo com uma forte linguagem autoral e abordagem criativa, seus trabalhos rompem os padrões visuais tradicionais. Por isso seus dois primeiros livros “Marrocos”, em colaboração com o coletivo Gringo, e “Fissura”, foram apontados entre os melhores fotolivros de fotografia da América Latina.  Em 2019, Gui foi nomeado pela revista alemã “European Photography”, em seu especial de 40 anos de existência, como um dos melhores fotógrafos documentais de sua geração. Em 2020, foi o primeiro Brasileiro a receber a bolsa da National Geographic Society para a documentação da pandemia de Covid-19 no país, e em 2022, foi laureado pelo Pulitzer Center para a documentação da Amazônia.

 

©Lalo de Almeida

Lalo de Almeida

 

Bio

Lalo de Almeida (1970) estudou fotografia no Instituto Europeo di Design em Milão, Itália, e começou a trabalhar como fotojornalista para pequenas agências. No Brasil, ingressou no jornal Folha de São Paulo, onde trabalhou por 27 anos enquanto produzia outros projetos documentais, incluindo O Homem e a Terra, sobre populações tradicionais brasileiras e sua relação com o meio ambiente.

A partir de 2010, produziu pequenos documentários em vídeo e narrativas multimídia criando uma série de projetos premiados internacionalmente, incluindo Um Mundo de Muros, A Batalha de Belo Monte e A Crise Climática, entre outros.

Em 2012, ganhou o XII Prêmio Marc Ferrez da Fundação Nacional das Artes para produzir um projeto sobre os impactos sociais da construção da usina hidrelétrica de Belo Monte no rio Xingu no Brasil. Seu ensaio sobre as vítimas do vírus Zika foi premiado no World Press Photo Content 2017 e o vídeo produzido ganhou o primeiro prêmio na POY Latam. Em 2021, recebeu o Eugene Smith Fund Grant e foi premiado como o fotógrafo ibero-americano do ano pela POY Latam. Em 2022, ganha o prêmio regional do World Press Photo pelo seu trabalho na Amazônia.

 

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