Regadio
Imago Garage
Rua do Vale de Santo António 50A, 1170-381 Lisboa
27 . 09 . 2024 → 26 . 10 . 2024
4ª feira - sábado → 14h30 – 18h30
Artista
José Artur Macedo
Água, Agricultura e Sociedade
O clima mediterrânico que cobre as regiões
do sul de Portugal caracteriza-se pela concentração
da pluviosidade nas estações frias com
prolongados estios nos períodos de maior calor.
Ficam assim desencontrados a humidade
e o calor, dois fatores essenciais para o crescimento
das plantas. Desde, pelo menos, o século
XVII que se considera que a escassez de água
constitui um motivo de subdesenvolvimento da
agricultura no Alentejo. No entanto, somente
em 1884 foi definido um plano público para a
construção de grandes obras de hidráulica agrícola
na região, onde já se encontra previsto o
Aproveitamento Hidroagrícola do Vale do Sorraia.
Foi também frequentemente defendido ao
longo dos séculos que o previsível aumento da
produtividade agrícola serviria para aumentar
a densidade populacional de uma região pouco
povoada através da divisão da propriedade
agrícola. Num exercício de engenharia social,
criar-se-ia uma classe média de proprietários
a partir de jornaleiros e outros trabalhadores
agrícolas indiferenciados, muitos deles vindos
do norte litoral estancando-se assim a emigração
histórica dos minhotos para as Américas.
Todas estas ideias, todavia, só foram postas em
prática a partir de meados do século XX com a
construção de várias barragens e canais de regadio,
bem como com a constituição da Junta de
Colonização Interna. Se esta organização apenas
criou uma colónia ao sul do Tejo, ficando os
projetos de colonização por se concretizarem,
já as barragens e os canais de rega foram uma
realidade. Tal como nas demais, a barragem de
Montargil, finalizada em 1958, produziu alterações
profundas em quase todos os aspetos
possíveis. A paisagem passou a contar com um
lago artificial com cerca de 20 km de extensão,
enquanto nos campos as culturas de regadio foram-
se impondo – arroz, milho, tomate e, mais
recentemente, olival e vinha, entre outras. Do
ponto de vista económico esta e outras obras
semelhantes levaram a que o Alentejo se tenha
tornado a principal região agrícola nacional,
ao mesmo tempo que as tradicionais culturas
de sequeiro, como o trigo, tenham sido substituídas.
No reverso da medalha, surgem alertas
de uma sobre-exploração de solos e da própria
água, podendo colocar em risco a longo prazo
não só o setor agrícola, mas também do próprio
ecossistema regional.
“ Carlos Faísca
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