Loading...
Skip to Content
© AUGUSTO BRÁZIO, O Bairro
© AUGUSTO BRÁZIO, O Bairro
© AUGUSTO BRÁZIO, O Bairro
© AUGUSTO BRÁZIO, O Bairro
© AUGUSTO BRÁZIO, O Bairro
© AUGUSTO BRÁZIO, O Bairro
© AUGUSTO BRÁZIO, O Bairro
© AUGUSTO BRÁZIO, O Bairro
© AUGUSTO BRÁZIO, O Bairro
© AUGUSTO BRÁZIO, O Bairro

O Bairro



Procurarte

Rua Neves Ferreira, 8B, Lisboa, Portugal 1170-274


Inauguração → 17 . 10 . 2025 → 22h00


18 . 10 . 2025 → 17 . 11 . 2025


3ª feira - 6ª feira → 15h00 – 19h00

Artista

Augusto Brázio

Situada ao longo da antiga Estrada Militar — eixo defensivo oitocentista transformado em fronteira simbólica entre o centro e a periferia de Lisboa — emerge, na Reboleira, um território que espelha as contradições urbanas do século XX português. Com origem nas décadas de 1960 e 70, esta zona testemunha a construção de um urbanismo de urgência, nascido à margem do plano, fora da lei e da cartografia oficial.

Mais do que um conjunto de casas ilegais, este território foi palco de uma arquitetura da sobrevivência. As barracas, as construções auto erguidas, os materiais improvisados: tudo aponta para gestos de resistência num país em transição — entre o fim do império colonial e a promessa, nunca cumprida, da modernidade. Por aqui passaram dois grandes movimentos migratórios: primeiro, os que vinham do interior rural em busca de trabalho na capital; depois, os retornados das ex-colónias africanas, fugindo da guerra e do colapso do projeto imperial. Encontraram, ambos, um vazio urbano onde erguer a sua presença — um vazio deixado pelo Estado, que nunca chegou verdadeiramente à periferia.

A Reboleira não é um lugar perdido; é um espaço persistente. Hoje, algumas casas ainda resistem, esparsas na malha urbana em mutação. São vestígios materiais de um tempo que a cidade tentou apagar, mas que continua a interpelar-nos. Essas estruturas precárias, por vezes invisibilizadas, são monumentos involuntários de uma memória insubmissa — não apenas da pobreza, mas da urgência de quem, diante do abandono, construiu vida.

Neste território fragmentado, a cidade revela a sua face mais crua: a da desigualdade inscrita no espaço. E é precisamente nessa fratura — entre o que foi negado e o que foi afirmado por pura necessidade — que a Reboleira se inscreve como um documento vivo, ainda que ferido, da história urbana contemporânea.


Newsletter

Todos os campos são obrigatórios. Ao enviar o formulário você concorda com os Termos e Condições e Política de Privacidade.

Patrocínio Principal

Parceiros

Parceiros institucionais

Apoio especial