SNBA - Sociedade Nacional de Belas Artes

Rua Barata Salgueiro 36, 1250-044 Lisboa

05 . 09 . 2025 → 04 . 10 . 2025

2ª feira - 6ª feira → 12h00 – 19h00

sábado → 14h00 – 19h00

Artista

Gloria Oyarzabal

O direito romano definia a propriedade como o usufruto absoluto, pleno, exclusivo e perpétuo de um objeto ou entidade corpórea. USUS era o direito de usar o objeto segundo a sua natureza, FRUCTUS o de receber os frutos, e ABUSUS o poder de modificar, vender ou destruir o objeto ou entidade em questão.

Os museus surgiram como instituições há mais de 300 anos, quando algumas coleções reais ficaram acessíveis ao grande público. Desde então, tornaram-se instrumentais na construção de identidades e na definição da Nação. E, tendo em conta a origem profundamente colonialista de muitas das suas coleções, o conflito com a narrativa histórica, com a produção de conhecimento e, por consequência, com a memória coletiva e individual torna-se inevitável. Os museus como criadores de imaginários, enquanto instituições que não são nem nunca foram neutras.

Será o conceito de museu universal?

É necessário revisitar a relação entre a antropologia colonial — estabelecida não como estudo da cultura, mas sim da diferença hierárquica com base em discursos supremacistas. Questões como a espoliação, as narrativas hegemónicas, a raça e o género são abordadas a partir dos conceitos de propriedade e pilhagem.

Consequentemente, a responsabilidade pela representação da mulher negra na arte europeia é inata.

Será urgente, universal e viável devolver o que foi saqueado e pilhado — tanto no que diz respeito a objetos como o que diz respeito a identidades? Propriedade, restituição, reparação, recontextualização... quem tem legitimidade e capacidade para dar, devolver, renomear?

Provoquemos um debate polifónico sobre a função dos objetos e o seu papel nos processos de subjetivação do indivíduo, bem como na construção de identidades coletivas.